quinta-feira, 11 de abril de 2019

CARTA DA REDE: VENHA NOS VER CAPITAL

Foto de Douglas Barbosa : Reunião da FUNCEB com Representantes de Grupos da Rede de Teatro Velho Chico
A REDE de Teatro do Velho Chico, após realizar a sua quinta mostra consecutiva em 6 anos de trabalho árduo à frente das principais ações de teatro do oeste e parte do sudoeste baiano, vem através desta carta informar que rede não participará da seleção para apresentações de espetáculo no Teatro Gamboa em Salvador, na ação da Secretaria de Cultura do Estado intitulada “Se Mostra Interior”. A decisão foi tomada durante uma reunião com representantes de grupos que compõem a Rede na cidade de Igaporã, na programação da V Mostra, e discutida com aqueles que estavam ausentes. Entendemos que mediante a apresentação do projeto (que já havíamos tomado conhecimento) a ação citada não representa as necessidades de diálogo e apoio oriundos do interior. Compreendemos a necessidade de durante a crise que alastra o país e o Estado, medidas criativas e esforços devem ser feitos para conseguir fazer girar a roda da cultura na Bahia. No entanto, também compreendemos e acompanhamos desde o início das discussões sobre política cultural no Estado, em meados de 2007, que nós fazedores e grupos somos quem deve indicar os caminhos os quais nossas demandas surgem e devem ser atendidas. O que acontece nesta ação e não apenas nela é que o governo vem adotando uma política que exclui o interior do Estado na hora de definir ações que também nos cabem. A política territorial que garantia minimamente a presença das pautas do interior para o governo desmoronou nos últimos anos, não há representante territoriais, não há políticas ou ações continuadas nos centros de cultura do interior, foram praticamente extintas as conferências e fóruns, não há devolutiva sobre as lutas e orçamento do Estado cada vez mais escasso desgastando até o que nos resta de diálogo.
A Mostra de Teatro do Velho Chico 2019, aconteceu absolutamente sem nenhum apoio do governo do Estado. E não foi por falta de tentativa ou de conversas prévias, pois todos e todas sabem desde o último dia de cada Mostra, onde acontecerá a próxima no ano seguinte. A propósito a de 2020 será na cidade de Ibiassucê. Diante deste complexo emaranhado de situações que ajudam a desarticular nossa produção, que contribui para o enfraquecimento do nosso trabalho, não conseguimos compreender de que forma pelejar com demais grupos do interior parar participarmos de um evento na capital é no mínimo questionar a nossa (ainda) vontade em fazer com que as coisas aconteçam nos nossos espaços que precisam ser ocupados, diante do nosso público que precisa ser formado e diante das avaliações que vimos ano após ano buscando para que o teatro continue acontecendo por aqui. Compreendam que o teatro do interior precisa ser fortalecido (no interior), na base, na busca pela melhoria dos espetáculos que aqui nascem e que esse fazer requer um olhar diferenciado, mais cuidadoso e mais presente. Não queremos ser vitrine dos teatros soteropolitanos só quando convém. Queremos uma política cultural real que coloque o interior do Estado no cerne das decisões e como beneficiários das ações que entendam nossas especificidades. O Estado nos tem faltado e nos sentimos provocados a nos mostrar através desta carta ao invés de um palco que nos oferece sem consultas públicas com os maiores interessados e criando uma espécie de Mostra que parece desconhecer a grande produção que existe no interior, disponibilizando meras 06 possibilidades.